domingo, 27 de janeiro de 2013

Engraçado as coisas que “pegam” a gente. Hoje uma colega comentou o quanto ficou de repente comovida ao ver as unhas pintadas nas mãos queimadas de uma menina transferida de Santa Maria, e eu fiquei pensando nesse momento, nesse momento perigoso, nesse momento em que, no meio do caos, das decisões rápidas e frias, na hora de ser técnico e preciso, no meio desse tumulto organizado, alguma coisa nos pega no detalhe mais humano, mais simples e corriqueiro, alguma coisa nos lembra que nós também estamos ali, naquela maca, naquele acidente, naquela doença. A dor do paciente é a nossa dor, a morte do paciente é a nossa morte, nada nos separa a não ser um pouco de acaso e alguma dobra de tempo. É nesse momento perigoso que nos sentimos profundamente humanos, é nesse momento que a fragilidade nos toca, que o desamparo nos toma, é nesse momento perigoso que estamos ali, tão humanos e tão pequenos diante desse abismo incompreensível da vida e da morte. É nesse momento perigoso que nos invade então... um grande amor.

2 comentários:

Ana Paula disse...

Fico mais tranquila de ver que tu ainda está aí. E que a frieza que a medicina exige não te sufocou.

Maritza disse...

Estoy aquí, mi bida, estoy aquí. Com múltiplas escoriações, mas sempre aqui.
:)